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Vander Christian

Autor: Vander Christian

Um Canto Triste

14/1/2018 - Ribeirão Preto - SP

 

Nos dias de hoje, o amor está diminuindo cada vez mais e dando lugar à intolerância, que vem crescendo como um vírus sem cura, por toda parte do planeta. Difícil de acreditar que menos de um mês atrás, o amor era um pedido universal e todos pareciam que de fato, iam semear o amor em 2018. No entanto, não é bem isso que está acontecendo; nada mudou, a falta desse sentimento tão nobre, toma conta dos noticiários todos os dias: pais matando filhos, pessoas sendo vítimas de balas perdidas, pessoas tirando rachas em rodovias e um homem empurrando uma mulher na linha do metrô.

Só citei tudo isso, porque esta semana, algo me chamou a atenção. No meu trabalho, me juntei a um grupo de pessoas e começamos a acompanhar o trabalho de um casal de passarinhos – digo ‘’passarinho’’, porque não sei o nome do pássaro, não sou muito bom neste assunto. Fato é, que o casal de pássaros ficou vários dias construindo o ninho no telhado no galpão para receber o filhote. O filhote veio dias depois, e a rotina do casal mudou, enquanto a mãe se dedicava ao filho, o pai saía para buscar comida e garantir o sustento da nova família.

Mais dias se passaram, até que esta semana algo de terrível aconteceu. O filhote já estava começando a aprender a voar na companhia da mãe, então pousou no chão e não conseguiu voltar para o ninho. Ficou lá no chão o dia todo. Todas as pessoas acompanharam com apreensão as várias tentativas da mãe para que o filhote voltasse para o ninho. Ele tentou voar muitas vezes ao ouvir o canto de incentivo da mãe vindo do ninho. Mas o filhote só conseguiu retornar para a sua casa no fim do dia. Todos nós ficamos felizes com isso. Contudo, no dia seguinte o chão estava cheio de penas e sangue; algo aconteceu, o filhote e o pai desaparecera.  O canto triste da mãe vindo do ninho preencheu todo o galpão durante o dia todo, e se arrastou durante toda a semana. Era um canto triste; de uma mãe que sabia que o seu filho não ia mais voltar para o ninho. Estava desfeita a família. E cada canto que chegava aos meus ouvidos enquanto trabalhava, me fez refletir, no quanto a humanidade tem as suas famílias desfeitas por bobagens. E a humanidade, diferente dos pássaros, tem o poder de evitar certas coisas... Uma bala perdida pode ser evitada, um racha pode não acontecer e o amor poderia evitar que uma pessoa fosse jogada nos trilhos...

Ninguém pôde avisar a mãe pássaro, enquanto ela estufava o peito num canto triste, que o seu filho não ia mais voltar. Ela permanece lá, no ninho, na esperança de que o filho e o pai retornem para a casa. Ela continua lá, na esperança de soltar um grito de amor, pondo fim ao canto triste.

 

 

 

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