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Vander Christian

Autor: Vander Christian

Julgamento Antecipado

8/4/2018 - Ribeirão Preto - SP

 

 

É natural do ser humano, ter a capacidade de julgar, ou deduzir algo sobre alguém. Todos nós podemos pensar algo, formar uma opinião sobre determinada pessoa; fazemos isso todos os dias quando estamos indo trabalhar, principalmente dentro do metrô, onde inúmeras pessoas circulam e se encontram várias vezes na semana. Mesmo que estufamos o peito e dizemos que não costumamos julgar ninguém, basta olhar e já temos uma opinião formada. Penso, que isso não seja um problema, desde que não exageramos na dose.

Nos tempos de adolescência, fiz muitos contatos com outras pessoas. Havia um programa nas escolas no fim de semana com várias atividades esportivas, chamava-se Família na Escola, vinha gente de todos os lugares. Sinto um pouco de saudades desse tempo, pois o contato com as outras pessoas era ali, de frente uma para a outra. Hoje o contato é apenas por mensagens, enquanto a pessoa está há quilômetros de distância de nós. Todavia, era quase impossível não julgar um colega baseado nas suas atitudes. Mas, o período de convivência era curto, o que atrapalhava, de certa forma, sabermos um pouco mais sobre o colega. Diz o velho ditado: A primeira impressão é a que fica. Pois é...

Lembro, que tinha um garoto, marrento, de cabelos cor de gema, mais novo do que eu. Me dava o maior trabalho quando jogávamos futebol!

— Mais um! — Dizia ele quando fazia gol em mim.

O jeito todo marrento dele falar, me deixava com uma vontade tremenda de chutar a bola com toda a força no estômago dele!

Então eu já podia ver ele, no futuro, sendo alguém sem sorte nenhuma na vida. Talvez até mexendo com algo errado e tendo problemas com a polícia.

No entanto, essa era a minha opinião. A minha capacidade de julgar o garoto apenas com o pouco tempo que passávamos juntos, não foi o suficiente para eu conhecê-lo melhor. Ele não era uma pessoa ruim. Não tinha tendência para o crime. O fato dele ser marrento, não o tornava um ser humano sem escrúpulos. Eu o julguei errado, e me surpreendi anos depois, quando descobri que ele se formou advogado. Na foto, lá estava ele, marrento, fazendo a pose na frente do símbolo da OAB. Mas por que eu me surpreendi ao ver a foto? Porque eu o julguei errado.

Por vezes, julgamos alguém precipitadamente. Formamos uma opinião, e construímos uma imagem de alguém que não existe. Construímos os nossos próprios inimigos e depois temos que acabar com eles.

A foto do garoto, recebendo o diploma de advogado, foi o fim do criminoso, que só existiu dentro de mim.

Cuidado com o pré-julgamento. A chance de você se surpreender depois será grande.  

 

 

 

 

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