Autor: Vander Christian

Mistério dos Bilhetes

3/2/2019 - Ribeirão Preto - SP

Mais uma tarde. Pessoas andam apressadas, quanto mais cedo chegar em casa melhor. Ninguém gosta de ficar tanto tempo no trabalho assim! Multidões se aproximam das catracas do terminal. A cena se repete todos os dias: enquanto dez pessoas passam sem nenhum problema, pelo menos duas pessoas ficam lá, fisionomia fechada, tentando entender o que aconteceu para o bilhete não liberar a passagem. A funcionária do terminal se aproxima, pega o bilhete, olha e aproxima do validador. A mágica está feita! O bilhete libera a passagem, deixando a pessoa numa situação constrangedora.

— Não sabe passar um bilhete!

Não se trata apenas de não saber passar o bilhete. Se trata de algo maior do que a incompetência de alguém. A explicação para certos fatos está longe de existir. É evidente que um poder secreto emana das mãos de quem usa uniforme, pois o bilhete funciona perfeitamente quando é carregado por um responsável do terminal. Qual é a mágica?

Recentemente, um amigo me confessou que o bilhete urbano dele estava com problemas.

— Hora passa... Hora trava... Não sei o que acontece!

Depois de alguns dias, estava junto com ele e pude testemunhar a sua história. O bilhete travou em três catracas! Furioso, chamou uma funcionária para ajudá-lo.

— Tentei em três catracas e não passou!

— Tem saldo?

— Está cheio.

Tranquilamente, a funcionária pegou o bilhete e testou. Já na primeira tentativa a luz verde ascendeu, liberando a passagem do meu amigo. A funcionária não disse nada, nem precisava, o olhar de vitória transbordava de seu rosto, mais um pouco inundaria todo o terminal!

Meu amigo ainda tentou argumentar, dizendo que as catracas precisavam ser trocadas, já que ao mesmo tempo que recusava o bilhete, também liberava a sua passagem. Mas a funcionária explicou que isso era impossível, uma vez que muitas outras pessoas passavam por ali sem ter aquele tipo de problema.

Saímos do terminal e seguimos os nossos caminhos sem entender o mistério dos bilhetes. Esse tipo de coisa não acontece só um dia, acontece sempre. E nunca vou entender. Desconfio que não é para entender mesmo!

A vida é assim: para certas coisas não há explicação. Melhor deixar quieto e seguir o caminho.

 

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Até breve,