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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

O mais rico

5/1/2020 - Ribeirão Preto - SP

   Antes de apurar seu estilo e conseguir demonstrar o estilo de vida dos ricos estadunidenses em romances como "O grande Gatsby", F.Scott Fitzgerald usou de situação levemente fantasiosa para fazer tais retratos, demonstrar o que ocorria, como ocorria, o que acontecia. Isso aconteceu no conto "O diamante do tamanho do Ritz", publicado em 1922, três anos antes de sua mais aclamada e famosa obra. A sua maneira muito próxima, sempre focando em personagens e naquilo que pensam como interpretam aquilo que os cerca, o que esperam ou querem da vida, da forma como puder acontecer a eles, geralmente tendo a riqueza como norte, objetivo para se viver. 

   Seu protagonista é John T. Unger, filho de renomada família da minúscula cidade de Hades, nas margens do rio mississipi. Dançavam os ritmos da moda de Nova Iorque em seus salões e, em termos culturais, consumiam bastante de áreas metropolitanas do país, mas estavam ainda bastante isolados, sem grande contato com estas realidades embora, pelas atividades e consumos da cultura, julgassem que estavam tão próximos quanto. Seu pai fora campeão amador de golfe, campeonatos que lá ocorriam. Sua mãe era conhecida, como se diz, do público ao privado, por seus discursos políticos. Ambos consideraram que seu filho era grande demais para lá, querendo o enviar para o colégio Saint Midas, perto de Boston, Nova Inglaterra; estado que, para lugares provincianos era a perdição, havia dominado o espírito dos dois, por causa da veneração do lugar pela educação. 

   O primeiro ano transcorreu tranquilo, socializando e indo para a casa dos alunos, filhos de magnatas. Na metade do segundo, conheceu um menino quieto e bonito, Percy Washington. Este contou que era filho do homem mais rico dos Estados Unidos. John comentou alguns capitalistas que lera sobre, Percy debochou, os chamando de pequenos, meia tigela, o pai poderia comprá-los sem sequer se dar conta disto. Não pagava imposto, um pouco apenas, mas não sobre a renda verdadeira. John falando sobre pedras preciosas vistas em várias famílias, Percy comentou que as adorava, seu possuía coleções de. Terminou afirmando que o padre tinha um diamante tão grande quanto o hotel Ritz-Carlton. Foram para a casa, em Montana. 

  Após atravessarem uma minúscula cidade, Fish, com doze habitantes, em uma carroça encontraram um carro cravado, coberto de pedras preciosas. Cruzaram a montanha por dentro, um carro comum seria destruído em meia hora, passando por seu interior, alcançando um vale não mapeado. Havia um enorme chateau no fundo, outros vários espaços, tudo sempre cravado com pedras preciosas. A montanha inteira era um enorme diamante. Aproveitou muito, se interessou por Kismine, filha do casal Washington, com quem foi se aproximando lentamente. Soube que Jasmine, outra filha, gostava de ler histórias sobre meninas pobres. Quis servir uma vez para ajudar na guerra Sérvia feita pelo pai, viu fotos de soldados sérvios e desistiu. Kismine e Percy eram tão egoístas quanto o pai, Braddock Washington. 

  O lugar havia sido descoberto pelo pai de Braddock, um descendente direto de George. Deixou uma fazenda que herdara com o irmão e foi para o oeste. Depois de fome, achou a montanha. Através de vários negócios, nunca revelando o que tinha se estabeleceu ali, com os fiéis negros ex-escravos que tinha levado e alguns parentes, depois. Até hoje, não sabiam que estavam lá, com subornos não se mapeava e pegavam os aviões que passavam por ali, tinham equipamentos. Colocaram Fish para que pensassem não haver nada além dali. Mantinham os passageiros presos em buraco com elevador. Para que Jasmine aprendesse, levaram um professor de italiano, que escapou, quando John T. Unger lá já estava.

  Um dia, conversando apaixonadamente com Kismine, descobriu que seria assasinado, como ocorrera com vários convidados e convidadas que Percy e Jasmine já haviam levado para lá. Ficou enfurecido, discutiu, ela falou que eles nem deveriam ter se aproximado, até que, romanticamente, ele continuava atraído por ela, a fugir com ele. Jasmine iria junto. Levariam algumas jóias para poderem viver. Na noite, após passar discretamente, quase visto pelos negros, e ir até o quarto de Kismine, achando que havia sido visto, soube que o italiano vinha bombardeá-los. Queimou ela um fuzil e o chateau ficou escuro. Fugiram. De longe, acompanharam o bombardeio. As máquinas de abatimento de aviões foram destruídas, eles pousaram. Os que lá ficaram Braddock, Percy, a Sra.Washington e os negros entraram na montanha. Era toda eletrificada. Os corpos de todos, incluindo os que estavam nos interiores, foram virados em pó. Nada sobrou. O chateau explodiu. O que havia no vale e a cidade de Fish também. Lá fora, os três comeram os sanduíches feitos para a fuga e perceberam que jóias não haviam sido pegas. Com várias sensações, se acomodaram por ali, para dormir aquela noite, lamentando terem consciência. 

  Criando uma situação levemente fantasiosa, Fitzgerald mostrou coisas reais. Esta maneira de viver, feita por outras fontes na vida, mantida por vários tipos de negócios é algo existente. Seus personagens, tendo sempre riquezas como seu desejo mais profundo, percebendo tudo através desta condição, adaptando tudo para esta ideia; absolutamente desinteressados no que estiver ao redor e como tudo os forma. Sabem que, de alguma forma, para alguns, é possível viver na riqueza, com todas as contradições. Aqueles que de fato alcançam, fazem por manter, geralmente criando situações de puro horror, piores coisas possíveis para acontecer. 

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