Autor: Vander Christian

Descarte

26/4/2020 - Ribeirão Preto - SP

Descartar sempre é complicado. Pelo menos para mim, que tenho o hábito de questionar o funcionamento de certas coisas. Onde trabalho, cada vez que alguém toma água, o copo vai para a lixeira, de certa forma, ainda limpo. Na lixeira, ele se mistura com outros copos sem condições nenhuma de uso. Talvez, quinze minutos depois, outra pessoa vai lá, tomar água e faz a mesma coisa: joga o copo como se ele não tivesse mais condições de uso. Dizem que eles são reaproveitados depois. Tomara.

Nos tempos do colégio, lembro que muitas vezes, por conta de uma falha no momento de destacar, a folha rasgava; para não ficar com ela ali, tirando a beleza do caderno, ela ia parar na lixeira, muitas vezes com um lado totalmente em branco, ainda em condições de uso. Descartar sempre é complicado. Eu fazia um aviãozinho, numa tentativa de adiar o momento da folha ser descartada.   

Outro exemplo é o chinelo. Nunca quebra os dois. O que fazer com o outro então? Jogar fora os dois? Jogar só o que está quebrado? E o outro? Seria bom se as lojas vendessem apenas um chinelo, já que eles nunca quebram ao mesmo tempo. Em casa tem uma sacola cheia de chinelos bons, mas sem par. Uma das opções é usar modelos diferentes. Com certeza as pessoas na rua iam apontar e dar risada.

Em tempos de álcool gel, os potes são uma ótima opção para usar depois, com sabão líquido ou álcool mesmo, no entanto, as tampas não resistem por muito tempo. Descarta a tampa e deixa o pote? Qual tampa devo usar no pote? Ou será que devo descartar o pote e a tampa de uma vez?

Descartar sempre é complicado. Enquanto muitos se preocupam com o descarte de coisas simples, outras estão descartando amizade, amor e respeito, coisas de valores incalculáveis. Então, será mesmo que DESCARTAR é tão complicado assim?