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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Instituições e visões populares

27/6/2021 - Ribeirão Preto - SP

     Quando se elegeu Jair Bolsonaro para presidência do Brasil, vivia-se um contexto que propiciava tal forma, tal tipo de vitória ao candidato. Devido ao crescimento do sentimento anti-petista, devido tanto a falhas do partido com maior parte da população em termos de comunicação, quanto por um desempenho institucional que mantinha um estado de bem estar social baseado no paternalismo getulista, sem fazer grandes mudanças nas estruturas da economia e política brasileira; e um esgotamento deste mesmo modelo social em relação à capacidade de se fazer assim no capitalismo.     

     Em cima da questão das falhas de comunicação do partido com a população, soma-se outro aspecto que já foi bastante visto e comentando, mas que precisa ser considerado. Foi neste momento que se intensificou tanto disparos de mensagens via Whattsapp com valores ideológicos majoritariamente da direita bolsonarista, um pouco também por parte da esquerda e também uma grande quantidade de vídeos no youtube e algumas outras redes sociais focadas em vídeos.

     Em relação aos vídeos, foi demonstrada uma maior democratização do discurso no sentido de ser mais fácil a comunicação de ideias a partir deles, facilitando a produção e expandindo bolhas sociais e culturais para este espaço virtual. Esta esfera de conversa e troca de ideias, entretanto, tem como um ponto negativo o aumento de disseminação de mentiras ou ideias falsas, o que prejudica o debate, influencia e determina a opinião popular a respeito dos assuntos que são falados, especialmente políticos. Com isto, se aumenta e alimentam discursos negacionistas, de aumento de discursos vazios e demagógicos, buscando essencialmente criar versões e discursos anti científicos perigosos, podendo alimentar sentimentos de autoritarismo e cisão institucional no cenário brasileiro.

      Por um lado, criar um gosto e sentimento de autoritarismo na população não é suficiente para que se deteriorem e se enfraqueçam as instituições, pois estas têm suas formas e estruturas sociais. Ainda mais em momentos onde este sentimento não tem como origem estas mesmas instituições, como na época do IPES, órgão estatal que fazia propaganda anticomunista. As mensagens de 2018 vinham da própria população, sendo um reflexo dela e de um sentimento que estava forte até então, e que vem gradualmente se neutralizando, embora não morrendo. Tal sentimento fora provocado por uma questão relacionada a, entre outros processos, os feitos pela Cambridge analítica, espaço promovido por supremacistas brancos e outras figuras autoritárias e intolerantes, que se mesclaram a interesses de estado.

       Com a população dominada por estes sentimentos, estratégia feita para manter afastados a opinião popular e o interesse público de processos que estavam sendo feitos, dificultando ainda mais a comunicação de grupos de oposição, impedindo que outras visões fossem debatidas. Alguns espaços relacionados a instituições conseguiram criar e espalhar uma rede de boatos e fake news, influenciando assim as opiniões populares, relacionados a sentimentos possíveis de se emergirem no contexto que se vivia. O que se sentiu lá, embora incentivado por grupos sociais bastante bem pagos e organizados por espaços privados, em aliança com setores políticos, trouxe a tona sentimentos reais, que eram formados parte por aspectos culturais, parte contexto e certa tendência ao conservadorismo que se apresenta entre o povo, especialmente quando envolve contextos delicados. Quando um pensamento começa a emergir, precisa ser entendido e interpretado, mas atento para que não desande a algo negacionista e perigoso, que ameace o sistema democrático.            

            

 

                                                                  

 

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