COLUNISTAS

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Ação social

3/10/2021 - Ribeirão Preto - SP

     Consiste, a ação social, em uma ação que tenha impacto, relevância social, ou seja, gere resultado coletivo. O sociólogo Max Weber foi quem cunhou o termo, baseado em estudos e conclusões sociológicas. Nestas as ações feitas, e as atitudes das pessoas, em alguma medida, influenciam e fazem os rumos sociais, fazendo com que sociedades se modificassem.

     O processo ocorre na medida em que um indivíduo é influenciado pela sociedade, tornando-se assim, além das próprias características, uma parte desta, tendo alguns pontos a comum. A partir disto, vendo as características sociais de onde vive, pode criar ações e maneiras que irão fazer modificações, alterando a realidade social, de formas várias. A ação social é dividida em quatro tipos: em relação a fins, sentimentos, tradição e valores.

      A ação em relação aos sentimentos se refere a fazer algo a partir dos seus sentimentos, você sente e quer algo, faz ações para conseguir. A explicação para isto está em referência ao sentido, você quer e faz algo porque sente em relação ao que irá fazer. Em relação às tradições, serve como continuidade, a tradição dita e determina as formas sociais, baseada no próprio tradicionalismo, então a sociedade segue existindo com suas tradições. As ações sociais agem para que assim continue se existindo, preserve-se a tradição. Aos valores, suas ações são feitas para estes mesmos valores, principalmente os que a pessoa humana faz, que lhe dizem respeito e justificam ações que irá fazer, se tornando ações sociais.

    A ação social a partir dos sentimentos se baseia simplesmente no que é sentido, o que se sente é necessário sem precisar da justificativa racional, uma vez que se sabe querer aquilo por causa do que sente. E a ação social voltada a fins, refere-se a uma ação pensada para se chegar a um determinado fim. Farei uma série de ações que resultarão em outras, atingindo o fim para o qual me proponho que acontece por causa das ações que fiz. Esta mesma ação gera impactos coletivos, por refletir e pôr em prática temas caros a sociedade.

     As ações sociais, por seu efeito coletivo, seriam a base da movimentação e do funcionamento das sociedades, a partir das formas sociais e da realidade encontrada, estas pensadas e feitas a partir desta. Ao mesmo tempo, não totalmente a composição social defendida, que se encontra por seus próprios mecanismos, os quais estão tornando as sociedades cada vez mais burocratizadas nas funções de estado e em suas complexidades.

    Entre os três sociólogos clássicos, Durkheim, Marx e Weber, este último é o que mais enfoca as ações dos indivíduos em planos sociais, que mais percebe a influência e as decisões destes como algo fundamental na condução da sociedade, da formação de suas características sociais. Para isso, a ação social precisa atingir o plano coletivo, numa sociedade cada vez mais técnica e burocratizada, por suas inúmeras e complexas funções presentes. Caso alguém tenha uma ideia com relação a um fim, transforme em ação de tal maneira que atinge as camadas e características sociais, lhe engajando na mesma, poderá mudar os rumos sociais, a própria sociedade em si.  

      Portanto, este tipo de ação social corresponde as ideias e fatores que fazem ocorrer processos, guiados pelos fins, sentimentos, valores ou tradições. O poder de ação, o nível em que pessoas podem fazer ações determinantes, o próprio valor da ação individual é muito maior na concepção weberiana que na dos outros dois. Caso a ação seja feita, o resultado será atingido, exercendo influência social, dependendo da proporção. Então, por exemplo, um funcionário público que faça alguma proposta para melhorar o desenvolvimento e ação em sua área, querendo que fique mais ágil, poderá propor e, caso aceita, causará mudanças na estrutura social. Facilitar, por exemplo, uma política pública que protege pessoas que não recebem o suficiente para viver, fazendo com atinja mais pessoas, de forma rápida e mais eficiente.   

     A ideia de ação social, se não funciona como a base social, pois as burocracias se formam por si próprias, a partir das características que vão desenvolvendo por dentre suas formas e jeitos, os caminhos que vão tomando, regendo a sociedade, serve como um forte indicativo de como, socialmente falando, as ações e ideias surgidas podem adquirir dimensões nas próprias noções sociais, gerar influências. É extremamente imperfeito e limitado este efeito, uma vez que as sociedades se regem por suas bases sociais mais ontológicas, associadas tanto a si mesmas quanto ao contexto em que se encontram. As pessoas que vivem ali têm também muito de si moldadas por esta, mesmo não totalmente.

      Neste processo, é plenamente possível adquirir conhecimento, ter ideias e ações para o contexto e as situações que se vive, dependendo das condições e possibilidades determinadas pelas posições sociais. Ações a partir de ideias são completamente possíveis, ainda que, por estruturas sociais e a maneira como se organizam as questões, seus efeitos podem variar bastante. Mas certamente não são tão determinantes a ponto de serem fatores sociais decisivos, uma das bases do funcionamento social. O estado funciona e anda com ações de seus membros, especialmente os que para este trabalham, mas tem funções baseadas em sua composição, na organização da sociedade que promove.

   Mexer nele é possível, embora mais lento, e consegue-se então trazer para o estado e a sociedade as ideias, melhorando e modificando o que foi colocado. Também é possível se realizar ações fora do âmbito e da burocracia, mas ser de tal forma importante socialmente, que o estado intervenha, assimilando características ou então sofrendo mudanças internas a partir deste ponto marcante, destes fatos ocorridos. A sociedade sendo regida e, em muitos sentidos, criada pela organização do estado, também pode influenciá-lo, fazer com que siga outros caminhos ou mude algumas de suas características.

  Entretanto, sempre será mais por ele influenciada e moldada do que propriamente fará ações que determinarão suas ações e mudanças. Sendo este a organização social, um agente que age sobre as mais variadas forças sociais, tende mais a determinar pensamentos e ações ao invés de ser contestado ou modificado, pois as pessoas dependem de sua existência para viverem, da organização social por este promovido, que cria o espaço e a maneira como vivem e, em muitos sentidos, muito do que pensam.