ColunistasCOLUNISTAS

Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

México-EUA

17/7/2022 - Ribeirão Preto - SP

           Ambos os países fazem parte do continente americano. E tem alguns pontos em comuns de questões históricas, além de serem geograficamente muito próximos. Como países do continente americano, sua histórica contemporânea começa essencialmente com a expansão e colonização europeia. No caso dos Estados Unidos, da colonização inglesa. E do México colonização espanhola. Durante o período das grandes navegações, Inglaterra controlava a costa leste dos EUA, através de suas treze colônias. Espanha toda a América Latina, exceto Brasil, e mais o oeste dos EUA bem como o do Canadá. Território que compreendia o Vice Reino da Nova Espanha, comandado pela Cidade do México, sob a dominação de Madrid.

       Quando há uma quebra na conjuntura internacional, as coisas começam a mudar. Uma nova cultura política surge, bem como um novo modelo de organização social e econômica. O pontapé inicial para isto é justamente a independência dos EUA, então as treze colônias britânicas, que cria uma maneira de se pensar as novas condições políticas, com colônias se tornando países independentes. A ideia de liberdade, igualdade e fraternidade é consolidada pela revolução francesa, em 1789, que traz o debate e as ideias ainda mais a tona, alterando os sistemas políticos.

        Os principais reflexos dessa mudança no continente americano foram às sucessivas independências políticas, trazendo novas épocas a eles, bem como realidades. Quando o México ficou independente da Espanha, após longo processo, ainda contava com todo o território do Vice Reinado. Pouco depois, EUA acabaram tomando a porção norte do território, onde hoje é o oeste americano.  Apesar desta questão, a relação entre os países tem sido consideravelmente boa desde então.

         De lá pra cá, os momentos que podem ser destacados são, por exemplo, a Guerra da Reforma e a Revolução Mexicana. No primeiro caso, ocorre ainda durante o século XIX, quando a França invade e tenta ocupar o México. Na primeira falha, na segunda consegue por pouco tempo. Nesta última, põe como imperador do México Maximiliano I, primo de Dom Pedro II do Brasil. Estados Unidos,  junto com a parcela mexicana que queria preservar a independência, vão contra, derrubando a ocupação francesa.

        Mais tarde, quando ocorre a Revolução Mexicana, que visava derrubar a ditadura porfirista, bem como fazer reforma agrária e melhorar as condições de vida, houve apoio americano posterior. Foram contra no início, depois apoiando os revolucionários. Ao final do processo, o Partido Revolucionário Institucional (PRI), sobe ao poder, para executar os planos da revolução. Fica até o ano 2000, sempre apoiado e próximo do governo americano.  Tal partido conseguiu garantir ao México uma estabilidade e liberdade ausente no resto da América Latina no mesmo período. Além de ter, por um bom período, garantido um robusto estado de bem estar social, semelhante ao estado americano e europeu da época, com suas garantias.

        Porém, a partir dos anos 1980, o partido continuou por mais um tempo no poder, mas agora com absolutamente mais nada de revolucionário, devido à crise surgida na década, que colocou em cheque o estado como alguém capaz de estruturar a economia, largando na mão de empresas e corporações. Famoso neoliberalismo. O PRI seguiu muito essa política a partir da década 1980 até o ano 2000, quando foi trocado. O partido assumidamente mais de direita que entrou iniciou uma violente guerra às drogas, que agravou muito os intensos problemas de narcotráfico que o país tem hoje. Isso deixou o novo partido e o presidente Felipe Calderón muito impopulares, fazendo com que a população quisesse a volta do PRI, que aconteceu. O atual presidente mexicano, Lopez Obrador, é do PRI.

      Com o agravamento dos problemas sociais, não apenas no México, mas no resto da América Latina, têm surgido alguns espinhos na relação do país com os EUA. Principalmente na questão migratória. Pois devido à precarização das estruturas e condições sociais dos países latinos, muitos destes têm tentado ir aos EUA para conseguir outra vida. Muitas vezes passando ilegalmente pela fronteira terrestre entre os países. O que tem causado farpas entre os dois países. E até fazendo o México começar a exigir visto de alguns países, como Brasil, para conter imigração ilegal, sob ordens americanas. Apesar disto, a relação entre os dois países ainda é, essencialmente, diplomática e positiva. Há várias relações boas.

    Um dos melhores símbolos é a Cavalgata Binacional, que ocorre anualmente em Columbus, cidade no Estado americano do Novo México, fronteira com a cidade de Puerto Palomas, no estado mexicano de Chihuahua. É promovida pela câmara de comércio de Columbus junto com a prefeitura. Consiste em uma cavalgada com ginetes dos dois países, um carregando bandeira do México, outros dos EUA. Andam pela região a cavalo dessa forma, sendo um grande evento da cidade, levando americanos e mexicanos. Questões culturais são levantadas ali, simbolizando muitas coisas. Momento onde os dois países e cidadãos ficam mais próximos, vendo o melhor de cada um.

Compartilhe no Whatsapp