Autor: Thales Kroth de Souza
Em 1414, no mesmo dia de hoje, 24 de julho, é considerada a data provável da realização do Conselho Régio de Dom João I de Portugal, em Torres Vedras, em Portugal, para deliberar a expedição para a conquista de Ceuta a qual marcou o início da expansão portuguesa ou os descobrimentos portugueses vindouros trazendo um novo tom para a ascensão portuguesa no mundo.
Os tempos eram difíceis. Mestre de Avis, como era conhecido João I de Portugal (1357-1433), o rei de Portugal e dos Algarves, encontrava um período muito complicado pela guerra contra Castela e, posteriormente, selando sua paz. "A conquista de Ceuta foi o primeiro passo na execução de um vasto plano, a um tempo religioso, político e econômico. A posição de Ceuta facilitava a repressão da pirataria mourisca nos mares vizinhos; e sua posse, seguida de outras áreas marroquinas, permitiria aos portugueses desafiar os ataques muçulmanos à cristandade da Península Ibérica." (João Lúcio de Azevedo. "Época de Portugal econômico: esboços históricos".)
O domínio dos territórios ao norte foi uma etapa fundamental para a expansão comercial e religiosa de Portugal. Com a acolhida dos cavaleiros templários a Portugal, o estado adaptou a política e os fundamentos cristãos na oportunidade em acreditar na transformação do povo pela fé e na potenciação de direcionar os aspectos de desenvolvimento posteriores às cruzadas.
Ceuta era uma cidade importante para Portugal e Europa. A burguesia comercial queria canalizar para Lisboa o tráfego do mediterrâneo ocidental de Ceuta. Dois embaixadores contratados pelo rei para formalizar o casamento com D. Pedro, com a passagem colheram todas as informações necessárias e suficientes sobre o contexto do momento da cidade.
Alguns pontos principais são considerados para a conquista focando principalmente pelas áreas econômicas com a diversatilidade de commodities como trigo, especiarias e riquezas em ouro e prata vindos da Índia na Rota da Seda; na social com a nobreza desenvolvendo conquistas e procurando oportunidades no mercado; estímulo e pactual da religiosidade cristã; e, a mais importante pela influência posterior com os desdobramentos, a geoeconômica com o fluxo comercial através do Mar Mediterrâneo e o estreito de Gibraltar.
Certamente, a conquista deu-se pelas armas em guerra. Cerca de 20 mil soldados portugueses participaram e houve contagem de soldados de outras regiões e nações, além de mais de 212 navios fizeram parte da histórica conquista em 21 de agosto de 1415. Os tempos que marcavam a retomada das cidades portuguesas mobilizou a Inglaterra, região da galícia, etc. Deve-se especificar que o Reino de Portugal teve 8 baixas contra milhares de mortes e prisioneiros do Império Merinida governados por Ben Salah.
"(...) Já passavam de sete horas e meia depois do meio dia, quando a cidade foi de todo livre dos mouros. (...) As outras Companhias [de soldados portugueses], não tinham maior cuidado doutra coisa que de apanharem o esbulho. (...) Muitos que se acercaram primeiramente naquelas lojas dos mercadores que estavam na rua direita, assim como entraram pelas portas sem nenhuma temperança nem resguardo, davam com suas facas nos sacos das especiarias, e esfarrapavam-nos todos, de forma que tudo lançavam pelo chão. E bem era para haver dor do estrago, que ali foi feito naquele dia. Que as especiarias eram muitas de grosso valor. E as ruas não menos jaziam cheias delas (...) as quais depois que foram calcadas pelos pés da multidão das gentes que por cima delas passavam, e de si com o fervor do sol que era grande, davam depois de si muy grande odor. (...)" (Crônica da Tomada de Ceuta, Gomes Eanes de Zurara, 1450.)
Com isso não foi o fim. Era um capítulo. Os marroquinos tentaram recuperá-la em 1418 e 1419, sem êxito. Ceuta conseguiu prevalecer até 1458 com outras regiões serem tomadas pelo Reino de Portugal como Alcácer Seguer (1458), Arzila e Tânger (1471), e outros, sejam pelos Tratados de Alcáçovas (1479) colocando fim à Guerra de sucessão de Castela (1475-1479) e de Tordesilhas (1494) na divisão das terras descobertas e por descobrir fora da Europa entre Castela e Portugal.
Os pontos históricos mostram que Ceuta foi conquistada mais na base da coragem do que pelo planejamento, todavia isso fato mudou toda a história incluindo os descobrimentos portugueses e os resultados das navegações notáveis de Vasco da Gama à Índia, Cristóvão Colombo à América Central, Gaspar Corte Real à Terra Nova e Pedro Álvares Cabral ao Brasil: novas esperanças pelo desenvolvimento e fortalecimento do retorno futuro do primeiro império global da história.
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