Ariel Goldenberg, ator de "Colegas" diz que deficientes não devem se esconder

22/5/2014 - Ribeirão Preto - SP

da assessoria de imprensa da Prefeitura de Ribeirão Preto


Um auditório lotado recebeu com palmas, na quarta-feira, dia 21, o casal de atores portadores da Síndrome de Down Ariel Goldenberg e Rita Pokk, no auditório Meira Júnior do Theatro Pedro II, para um Salão de Ideias da 14ª Feira Nacional do Livro. Intermediados pela produtora Aleksandra Zakartchouk, eles falaram sobre as experiências pessoais e profissionais, para um público formado por pessoas de todas as idades e com diversas deficiências. Ambos se mostraram extasiados com a lotação do teatro.

 

Sobre toda a produção e gravação do longa metragem "Colegas", que ganhou vários prêmios no Brasil e exterior, Ariel se autodenominou corajoso e disse que o incentivo para a gravação do filme existiu desde o começo. Já Rita contou que foi a realização de um grande sonho e que tudo foi maravilhoso. Alek, como é conhecida entre eles a produtora que mediou o bate papo, revelou que no inicio, quando ela e os outros produtores procuravam incentivos e patrocínios para o filme, tudo foi muito difícil.

"Enfrentamos todo tipo de 'não'. Tivemos muitas dificuldades para captar patrocínios por causa do preconceito. Lembro até hoje que empresas diziam na nossa cara que não tinham interesse em vincular a marca deles com a deficiência. Sim, essas empresas que se dizem defensoras da causa, que se dizem apoiadoras da causa, tudo isso é um monte de blá blá blá", desabafou a produtora.


Alek diz que o ser humano pode evoluir muito com a experiência de ajudar ao próximo. Ariel concordou. "Não devemos nos esconder, temos que encarar a sociedade", falou o ator, se referindo a todos os deficientes.

Com o público empolgado, Ariel e Rita passaram a falar sobre suas experiências durante as gravações de "Colegas". Eles destacaram as melhores cenas que gravaram e também como se adaptaram às falas e ao roteiro. A produtora contou que eles sempre tiveram aulas de alongamento, em duplas, para treinar a relação. Segundo ela, jogos também foram fontes para adaptação, principalmente para eles decorarem as falas. "Eles gravaram de dia e também à noite. Enfrentaram frio, chuva, ventanias e me impressionaram muito. No começo, eu não estava tão empolgada, mas fui pega de surpresa com a disposição deles. Eles encararam os personagens de corpo e alma".


Os jovens atores falaram que a presença das famílias foi algo essencial. Rita se lembrou de alguns fatos que aconteceram com sua mãe, após seu parto. "Minha mãe precisou sair fugida do hospital, comigo embaixo de um casaco, porque não queriam liberá-la. Depois disso, minha mãe teve dificuldades para me amamentar, eu engasgava sempre, até que ela começou a me amamentar com um contagotas".

Alek também revelou durante o Salão que o documentário "Três vidas e um sonho", com as mães de Ariel, Rita e Breno, deverá ser lançado no próximo ano.

A alegria e o humor do casal contagiaram a todos. Houve momentos em que o público foi tomado por risadas, isso porque Ariel e Rita fizeram brincadeiras o tempo todo. Eles comentaram que estão juntos há 14 anos, e contaram também, a pedido da plateia, que se conheceram através de um site de relacionamento para deficientes, criado pelo irmão de Rita.

Sentada junto à plateia, a madrinha dos atores durante a Feira Nacional do Livro, Marília Castelo Branco, se mostrou emocionada com toda a recepção que o casal recebeu. Ela, que é fundadora da ONG Síndrome do Amor, disse que é de extrema importância deixar que o portador da deficiência viva com liberdade e cresça bem. "Eu doo 80% do meu tempo para essas pessoas. Tive um filho com síndrome de Edwards e, a partir daí, quis mostrar ao mundo minhas experiências e ouvir a de outras mães também. Eu ajudo essa galera e me sinto feliz e realizada. Isso é que importa", completou.

Ariel e Rita ainda participaram da exibição do filme no Cineclube Cauim. Após a exibição, estava previsto um debate aberto ao público.

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