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As pessoas em situação de rua estão expostas a todo tipo de vício. Durante as abordagens sociais especializadas oferecidas pelos serviços da prefeitura de Ribeirão Preto, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, elas são encaminhadas para tratamento nos núcleos e comunidades terapêuticas.

Mas, quando deixam as comunidades terapêuticas, a maioria não tem um serviço de pós-tratamento estruturado para ajudar na reinserção social e muitos acabam retornando às ruas.

Há quatro anos, o projeto Mudando Vidas atua para melhorar a realidade de dezenas de pessoas. Cerca de 90% dos acolhidos pela Casa de Apoio, considerada uma república de acolhimento de homens e mulheres com histórico de drogas e álcool, são moradores de rua.

O trabalho começou com o fundador Ricado Tostes, estudante de psicologia e ex-dependente químico. Após internação em uma comunidade terapêutica, teve a percepção de que as pessoas em recuperação necessitavam de um serviço especializado para o pós-tratamento.

“Comecei a ver com meus próprios olhos muitos acolhidos que saíam em reinserção após três meses e tinham recaídas. Até mesmo quem terminava o tratamento de seis meses, não dava nem um mês e voltava ao tratamento de novo. Então eu comecei a perceber que não existia o serviço de pós-tratamento, não havia uma janela, ou seja, um lugar, uma casa-apoio onde este acolhido pudesse ficar apoiado e protegido até se reinserir na sociedade”, explica Ricardo Tostes.

Neste período em que a pessoa em tratamento fica livre de qualquer contato com substâncias químicas, vai resgatando os laços familiares e conquistando a confiança de todos novamente.

“E se ele for um morador de rua, a gente encaminha para um emprego e quando ele consegue ajudamos a ter a sua casa, uma moradia assistida, onde de longe vamos dando o suporte. Este processo todo, do começo ao fim, chega a levar até um ano”, conta.

É o que aconteceu com pessoas acolhidas pelo projeto Mudando Vidas. Telma Costa e o marido Benedito Araújo, conhecido como Julinho, passaram por este processo, conseguiram emprego na mesma data, ela de cozinheira e ele de entregador, e hoje vivem em uma casa assistida pela Ong de Ricardo e da esposa Ana Paula.

“Minha vida agora é maravilhosa, fico até emocionada (diz chorando Telma). Foi um passo muito grande que eu dei na vida. Graças a eles minha vida melhorou 200%. Agora eu trabalho, tenho meu salário, não recebo mais ameaça de ninguém na rua, tenho minha casa. Eu falo pra todos que ainda estão nesta vida que tudo tem sua hora e basta a gente querer para conseguir melhorar”, relata Telma, 46 anos, ex-dependente  de álcool e drogas.

O prefeito Duarte Nogueira e o secretário da Assistência Social, Guido Desinde Filho, visitaram na tarde desta quinta-feira, dia 07 de fevereiro, a Ong Mudando Vidas e conheceram um pouco do trabalho desenvolvido pela entidade.

“Um trabalho maravilhoso de transformação de vidas. Eu como prefeito de Ribeirão Preto, aqui também está o secretário de Assistência Social [Guido Desinde Filho], nos sentimos extremamente felizes de encontrar um trabalho sem nenhum vínculo com recursos públicos até agora, simplesmente de doação e entrega deste casal que já viveu problemas desta natureza e que fez a escolha de poder ajudar a transformar a vida destas pessoas”, disse Nogueira.

 A Secretaria Municipal da Assistência Social irá analisar a certificação da Ong Mudando Vidas para que a Casa de Apoio possa receber recursos governamentais e possa ampliar o atendimento a pessoas em situação de rua.